sábado, dezembro 09, 2006













Cadê os moleques
Cadê a invasao em qualquer canto
Que me deixava sozinha em lugar nenhum
Cadê o calor humano das ruas
Agora estao vazias, despidas, sem graça
A miseria disfarçada com um sorriso sem esforço
Os olhos na penumbra do cansaço
Cadê os rostos baços
Os olhares mais profundos
Apontados como setas afiadas aos meus
Sem saber porque vieram ao mundo

Meninos sem tecto e sem chão
A correr ao meu encontro, encontro de todo o mundo
Velhos gastos, peles queimadas, semblantes nuas
A clamarem ao longe por alguma compaixão
Alegres e tristes, de pé ou pelo chão
Vidas inteiras vagueando nas ruas
Cadê meus pequenos
Pelos quais nada pude fazer
Senao retribuir aquele olhar
Que começava os meus dias
Cade os capitães das ruas
Pescoços erguidos passos seguros
Camisas rasgadas
vestindo almas determinadas
Cadê os meninos malabaristas
os meninos estatua
os meninos trapezistas
os meninos comerciantes
os meninos apenas meninos
(LisLua)