quinta-feira, junho 22, 2006

São Luís - Capital do Maranhão

Forum, São Luís

Alcântara

Aqui há sensivelmente um mês fui conhecer no fim de semana São Luís, a Capital do Estado do Maranhão (mais pertinho ainda da linha do Equador) e Alcântara, que já foi o principal porto comecial do Brasil para a Europa (de arroz, açúcar, gado e algodão).
Maranhão, terra de grandes festividades religiosas como a Festa do Divino Espírito Santo que estava a decorrer na altura. Mas festa a sério é a do Bumba Meu Boi que está a decorrer agora nas festas juninas!
Diz a lenda que o Pai Francisco, escravo, para agradar a sua mulher que estava grávida matou o melhor boi da fazenda dos seus senhores, porque ela havia sentido desejo de comer a língua deste. O senhor, ao descobrir a façanha, mandou perseguir o escravo para matá-lo. Quando o consegue apanhar, o Pai Francisco suplica para que não o matem e pergunta o que pode fazer para se salvar. O senhor então diz-lhe que a única coisa que ele pode fazer é ressuscitar o boi morto. Então o Pai Francisco puxa das suas goelas e solta um "Levanta meu boi!...Dança meu boi!...Bumba meu boi!!" E dito esta última, o boi levanta ! (isto faz-me lembrar a lenda da minha própria terrinha, sabem a lenda do Galo de Barcelos? Não? Fica para a próxima!..). E com esta lenda se fazem celebrações por todo o Brasil.

E agora ficam aqui umas fotos desse fim de semana...

Alcântara

a caminho de Alcântara

Centro Histórico de São Luís

A rua mais bonita do Centro Histórico de São Luís, que apesar de ter sido inicialmente ocupada por franceses, foi colonizada pelos Portugueses, embora a impressão dos portugueses que é passada é francamente má... (quase que matava o Guia Turístico que estava a explicar numa excursão que andava por lá a história de SL!!) Ok ok nós expulsamos os franceses e os holandeses de lá, mas também não havia espaço para todos!....:p

Centro Histórico de São Luís
Centro Histórico de Alcântara

Praia da Baronesa, Alcântara

E em Alcântara conheci uma ave fantástica - o Guará - um pássaro que nasce branco, fica preto à medida que cresce e quando come caranguejo muda para este vermelho fluorescente que vêm na foto!! (e a foto não mostra nada do que é ao vivo, vê-los com esta cor fantástica num fundo cinzento pa burro que é a lama que preenche o lugar do mar em São Luís)

Espectacular! eu não acreditava se não me dissessem que isto foi mesmo comprovado numa investigação de Universidade (mesmo não sendo, tem a sua piada acreditar nestas coisas).

quinta-feira, junho 15, 2006

PORTUGAL Olé Olé!!


E de quem é a única bandeira no Edifício Mirante del Mare de Fortaleza? Adivinhem adivinhem!

segunda-feira, junho 05, 2006

4 meses volvidos - feedback

Pois é..não tenho dado muita atenção a este blog..
(O tempo parece que tem voado aqui por Fortaleza! "Voado", ora aí está uma palavra que ouço muito ultimamente..:)
Mas vou tentar escrever um pouquinho mais (e mais realisticamente) o que têm sido estes primeiros 4 meses do meu estágio.
Primeiro, a cidade. Se no dia em que cheguei, Fortaleza se revelou uma cidade muito grande, quente, com arranha-céus enormes (ou não fossem eles arranha-céus..:S), suja em geral, mas estranhamente, uma nova casa para mim logo no primeiro dia, hoje vejo esta cidade um pouco diferente. Continua com os mesmos aranha-céus, mas isso tem uma explicação infelizmente bastante óbvia, aliás duas. A social e a técnica. A social tem a ver com o contraste social, que é gigante. (A técnica tem só a ver com a inexistência de sismicidade no Brasil, pelo menos no Norte, por isso toca a aproveitar o espaço..para cima!) Mas sobre o social: aqui, os ricos são mesmo ricos e moram em grandes condomínios privados populados de seguranças e porteiros, e os pobres são pobres como nunca tinha visto na vida. Perdem a identidade, multiplicam-se nos semáforos, na esplanada da praia, em todo o lugar. É, sem dúvida, o maior choque cultural que alguém europeu pode sentir ao vir habitar no Brasil. Não existe da minha parte qualquer preconceito, houve sim, uma crescente conformação. É a realidade deste país. Pobreza existe em todo o lado, eu sei, mas há lugares em que é mais evidente, como aqui. Daí surgem, claro está, as velhas consequências que toda a gente sabe: violência, o valor da vida que cai em flecha, a miséria social, etc etc. Custa muito não olhar nos olhos de quem me aparece no carro a pedir no semáforo. Se olhar, sou obrigada a dar. Se der, alimento eternamente o problema... Tenho um critério que defini para mim (para descansar a consciência de algo que sei não ter culpa). Só dou alguma coisa se essa criança tiver feito alguma coisa para merecer um dinheiro, seja um malabarismo, um entretenimento como os meninos-estátua da Av Beira Mar, enfim, de vez em quando lá sai uma moedinha com a perfeita consciência que não estou a fazer rigorosamente nada por eles. Mas pelo menos aí eles terão a consciência do valor do trabalho. Nada a fazer. É daquelas situações em que se tem de se ter sangue frio e acabou. Mas sobre os edifícios... a cidade divide-se entre a zona nova (com esses gigantes de betão ou concreto) e o "resto", onde está incluído o centro "clássico" e os inúmeros subúrbios da cidade, onde as casas são geralmente térreas, gradeadas, com grandes letras redondas pintadas a indicar a lojinha ou o pequeno comércio virado para a rua.
Depois, a confusão da cidade. O trânsito, louco! Agravado por uns pavimentos desnivelados e esburacados que me fazem dores nas costas a dirigir (...mas cá entre nós, adoro dirigir aqui, tenho uma espécie de fascínio por esta minha adrenalina diária de fugir dos carros, ultrapassar, acelerar para passar nos amarelos! :p).
As farmácias...outro fenómeno brasileiro! :) São liberalizadas e por isso também aparecem em todas as esquinas. Vendem de tudo, havaiannas, chocolates, revistas, biscoitos, tudo o que alguém pode precisar. Medicamentos? É pá, isso já seria pedir muito não?.. :p Estou a caricaturar, mas a verdade é que é angustiante ver farmácias por todo o lado e quando precisamos mesmo de um medicamento, entramos e saímos de umas dez até o encontrar!
Não 'tá mal não a parte do liberalizar. Mas exigia-se que houvesse sempre pelo menos um farmaceutico em todas elas e uma unidade de todos os medicamentos básicos !! (nem que só o genérico).
Adiante. Av Beira Mar. Esta avenida é mística... Qual calçadão de Copacabana, qual Ipanema, Recife! De todos estes que já tive oportunidade de conhecer, a Av Beira Mar ganha aos pontos! Seja qual for o dia da semana, esta Avenida a partir das 6h da tarde, vira uma montra de animação! É pessoal a correr, a caminhar, a andar de bicicleta, a comer sorvete, a jogar capoeira, a jogar às cartas (geralmente pescadores, com as mulheres pelas redondezas a servir uns churrasquinhos), os camelôs a vender de tudo, os travestis a meterem-se com os turistas, os carrinhos de coco verde, milho cozido, tapioca, pipoca, acarajé (comida baiana), a feirinha que vende de tudo, os tais meninos-estátua prateados, as "figuras", (sim existem umas 5 ou 6 personagens míticas desta avenida), caricaturistas, tatuadores, comunidade dos amigos da maconha a vender bijouterias made by, etc etc... Enfim, de 2ª a Domingo, vir caminhar à Beira-Mar é aquele programa que dá sempre certo se não houver nada de mais interessante para fazer.
As saudades de Portugal. Existem aqui dentro, e volta e meia, acordam e apertam um pouquinho. Nada que não se resolva com um telefonema. Elas sabem que estou bem e por isso ficam logo bem também. Saudades da minha cidade (pequenina mas tão arrumadinha!), dos meus amigos, das minhas 4 amigas estarolas, da JUFRA, de cantar no coro ao Sábado, de passear no sol do Sab de manhã até à Rua Direita e voltar, tomar o pequeno almoço no Redondo, pequenas coisas deliciosas e tão minhas.
Tenho saudade também de ouvir o meu sotaque. O português de Portugal. Oh que saudades.. Eu já nem sei bem o que falo, se português, se "brasileiro" geral, se puxado ao cearense (fico ridícula) se outro idioma por mim criado que carece de alguma lentidão por vezes e paciência para me fazer entender. Ah, e isto de termos palavras iguais com sentidos diferentes é um problema sério! Mas eu já sei quando disse alguma asneira, acontece um fenómeno interessante - toda a gente fica calada a olhar para mim como se tivesse insultado alguém..... :) Palavras inofensivas em Portugal podem ter aqui um significado pesado e vice-versa, é curioso!
De resto, tudo corre bem. Estou rodeada de muito poucas pessoas, mas que já são muito e eternamente especiais para mim. A capoeira continua a ser o meu elixir de bem-estar. O trabalho é que pronto.....estagnou. Já não estou a aprender nada de novo mas logo vão aparecer novos trabalhos (espero!).
Mas em jeito de remate este país tem realmente qualquer coisa de apaixonante! Aqui vive-se intensamente cada momento. As pessoas são alegres, lembram-me mais depressa de como estamos vivos e como é urgente viver da melhor forma possível tudo o que está ao nosso alcance. Os brasileiros em geral arriscam mais, perdem mais, mas também ganham muito mais. Podem ter a fama de serem mais levianos, mas são certamente mais intensos, para o bem e para o mal. E têm uma característica que falei num dos primeiros posts e volto a repetir. Apesar de ser um país continental, eles têm um sentido de patriotismo enorme, são as próprias pessoas que vendem a imagem do Brasil. A música é para mim o maior exemplo disso. Aqui ao contrário de Portugal, seria preciso impôr cotas mínimas de música estrangeira porque só se ouve música nacional. Eu que sempre adorei música brasileira (em toda a sua variedade), estou sempre à espera de ouvir qualquer coisa em inglês, nem que seja Madona! :P
Sobre a imagem de Portugal por cá. Foi uma surpresa. Essa imagem - para mim que sou portuguesa, logo não sabia o que era "ser-se português" até estar aqui, fora de Portugal -, foi-se construindo à medida que o tempo passou. Digamos que somos para eles, como que um tio velho, chato e antiquado (e já lento de raciocínio para não dizer burro) que eles adoram "encher o saco", mas pelo qual eles têm muito carinho. Bem, isto no pressuposto de que é um tio bem afastado porque na verdade eles simplesmente não nos ligam assim tanto!.. :) E a ideia da falta de inteligência portuguesa tem uma explicação bem simples contada por alguém um pouco mais velho e mais sabido: tem a ver com a emigração portuguesa em massa para cá no início do século. Foram os Manueis e os Joaquins de outrora, de origens humildes e sem formação que vieram para trabalhar como serviçais que criaram essa imagem. Mas hoje em dia, os portugueses que cá estão são bem diferentes. Dão-se muito bem e só aumentam a riqueza do país.
Já passou quase metade do meu estágio. Está a ser bem mais do que esperava. Nem eu sei bem o que esperava. Mas o que sei é não vai dar para por em prática tudo o que queria fazer. Fica complicado também quando se Quer fazer tudo! :ppp É o jeito..
E já chega! Este post tá longo pra caraca!! (aqui costuma dizer-se de outra forma, mas como pode ser lido por portugueses não quero baixar o nível tão aprimorado deste blogue....ok ok, com excepção da anedota anterior que devia ter levado com uma bola no canto)
Beijos para todos os que (ainda) espreitam este blog!